Basicamente,
o curículo é uma lista de tudo aquilo que uma escola pretende ensinar.
Pode também conter informações mais precisas sobre como e quando vai
fazê-lo e também sobre os processos de avaliação das aprendizagens.
Geralmente, resume-se a uma relação de matérias, cada uma com seus
conteúdos, apresentados na sequência na qual devem ser trabalhados com
os alunos de cada série.
Os
currículos evoluem ao longo do tempo e podem sofrer muitas alterações
no espaço de algumas gerações. Matérias podem desaparecer, como o Latim.
Outras podem ser criadas, como a famigerada Educação Moral e Cívica,
nos anos da ditadura, ou a Educação Ambiental, mais recentemente. Novos
conteúdos podem ser incorporados, seja por causa de evoluções da ciência
acadêmica (como no caso do DNA em Biologia ou da teoria do Big-Bang em
Ciências), seja por vontade de reformular os métodos de ensino (como no
caso da fracassada experiência com a Matemática Moderna na escola
fundamental ou do bem-sucedido uso da literatura infantil na
aprendizagem da linguagem escrita).
O
currículo pode ser uma referência sobre o modo de ser da escola,
especialmente quando apresenta inovações em seus conteúdos. Atualmente,
essas inovações podem ser divididas em duas grandes categorias:
1
- Enriquecimento da lista básica de conteúdos ofertados: artes, música,
informática, entre outras novas áreas, e conteúdos multidisciplinares
(como ecologia, educação sexual, ética, etc.) podem começar a ser
incluídos na lista do que a escola pretende oferecer aos alunos.
2
- Simplificação de conteúdos ("núcleo básico" ou "tronco comum") e
tentativa de criar um "currículo vivo". Essa mudança vem da percepção de
que, mais do que trabalhar conteúdos específicos, o importante na
educação fundamental é adquirir algumas habilidades e competências
básicas, como dominar a linguagem escrita e a linguagem matemática, etc.
Diferentes conteúdos e situações podem ser aproveitados para
desenvolver essas competências básicas. Conversar com alunos de outra
escola, via Internet, é um exemplo de uma situação que pode surgir
durante o ano e servir como excelente ponto de partida para trabalhar a
linguagem escrita (produção de textos, revisão gramatical e ortográfica)
ou os conhecimentos geográficos (como é o lugar onde vive a pessoa com
quem estamos nos correspondendo?).
Outro
conceito importante é o de "currículo oculto", que inclui diversos
valores (por exemplo: religião, preconceitos de cor e de classe, regras
de comportamento, etc.) que a escola pode ensinar, mesmo sem
mencioná-los em seu currículo.
Há
também o currículo prescrito, que pode ser definido como um conjunto de
decisões normativas que são produzidas nos gabinetes das secretarias
federais, estaduais e municipais de educação. É um currículo totalmente
distanciado do currículo real, pois não respeita a diversidade, e não é
construído pelos que fazem a escola cotidianamente.
O
currículo prescrito atribui à escola o papel de transmitir uma cultura
com base na lógica da reprodução, um currículo igual para todo o
território e para todos os alunos, construído para que o professor o
execute da forma como veio estruturado.
Mesmo
o currículo sendo prescrito, o professor através de sua interação deve
construir, no dia-a-dia, novas alternativas curriculares para a sua
prática docente.
Nos
dias de hoje ainda temos escolas quem pensam que todos têm que ser
iguais, onde a instituição escolar sempre se organizou a partir dos
padrões a serem cumpridos por todos, com práticas de que a aprendizagem
acontece no mesmo ritmo e no mesmo tempo, excluindo assim, aqueles que
fogem a esse padrão, com classificações e seleções baseadas no modelo
tradicional.
A
escola se diz inclusiva, mais continua tratando os alunos que são por
natureza diferentes uns do outros, como se todos fossem iguais, excluem
aqueles que não se encaixam nos grupos sociais e culturais que a cultura
escolar impõe.
Há
diversos mecanismos que reforçam as desigualdades socioculturais nos
sistemas educacionais, um desses mecanismos é o livro didático.
Assim
como o currículo prescrito que vem pronto para o professor executar, o
livro didático também é assim. O professor precisa ver o livro didático
como um apoio um norte e não algo que o torne refém dele.
O
professor deve usar o livro didático como um recurso que irá auxiliá-lo
em sua prática, proporcionando uma pedagogia emancipatória, de
superação de uma cultura escolar excludente e de um pensar que passa
pelo projeto curricular da escola.
Abaixo,
um vídeo muito interessante que mostra como estruturar uma grade
curricular atrativa para os alunos e que contribua para a aprendizagem:
E aí, professores? O que vocês pensam acerca do currículo escolar? Vamos fazer um debate? Deixem seus comentários!Em
boa parte dos casos, é preciso reconhecer: a simples leitura do
currículo não é suficiente para dar uma ideia de como funciona uma
escola. Afinal de contas, existem grandes diferenças entre o currículo
oficial e o que efetivamente se passa em sala de aula, que podemos
chamar de "currículo real".
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